Filosofia moderna e filosofia tomista

Este é um clássico da escola neotomista do século XX. Nele, Octavio Derisi esgrime com a metafísica de Santo Tomás de Aquino contra o irracionalismo de grande parte da filosofia moderna, sem regatear. A atitude antimetafísica dos principais autores do período que remonta a Descartes como a seu fundador é posta em perspectiva - vislumbrada como um mesmo movimento em diferentes etapas e distintos matizes. A indisfarçável ojeriza à transcendência, presente até mesmo nos escritos de filósofos piedosos, crentes em Deus, levou a filosofia a dramáticos becos sem saída: do imanentismo ao subjetivismo; do panteísmo ao individualismo; do amoralismo ao solipsismo; do agnosticismo gnosiológico a um intuicionismo conceitualmente pobre; da perda da reta noção de ser a vários tipos de existencialismo; do ataque insano à metafísica a filosofias da linguagem estéreis; etc. A desarticulação entre a inteligência humana e o ser acabou por desaguar em filosofias como as de Hegel e Nietzsche, para citarmos apenas dois exemplos. O primeiro fundamenta sobre a contradição dialética a idéia de "absoluto"; o segundo exalta a vida declarando guerra aberta à verdade e ao bem, dois aspectos universalíssimos do ser. Em todos os casos, trata-se da perda do centro de gravitação em torno do qual se erigem os principais problemas filosóficos, sem nenhuma exceção: o ser mesmo, ato de todos os atos e perfeição de todas as perfeições, na conhecida fórmula saída da pena do Aquinate. Se, por absurdo, não houvesse o ser, a inteligência não teria como operar. Entre os incontáveis aspectos abordados no escrito que o leitor tem em mãos está o "antropocentrismo imanentista, anti-sobrenatural e anti-ontológico", nas palavras de Derisi. Em síntese, numa ambiência pseudofilosófica em que o homem se volta sobre si mesmo de maneira aporética, a perda de todos os vínculos com a realidade que lhe dá suporte para ser, conhecer e agir transforma-se no inexorável caminho rumo ao niilismo. Este crescente…